Vivi um carnaval totalmente diferente do normal. Ok, eu sei que isso não existe, existem malucos suficientes para passar o carnaval das mais diversas formas...eu concordo, mas o meu foi diferente, passei refletindo sobre a vida, o mundo, as formas, o corpo...Várias indagações me vinham a mente enquanto eu passeava calmamente sob um sol de 39º nas areias de Cabo Frio...
Me detive a quatro, para não alongar muito, minha terapeuta já reclamou disso.
A primeira delas foi o Dunga e suas camisas; o que será que passa na cabeça do treinador do Brasil para se fantasiar daquela forma? Só pode ser amor...aquele amor incondicional que pais têem pelas suas crias; falta senso crítico e sobra esse amor. Mostrar ao mundo as criações de sua filha, que estuda moda, coitada da moda, àquelas roupas de fashions week da vida, que ninguém entende nada e que todo mundo tem a certeza, que nunca vestirá e também nunca irá ver ninguém usando, nem aqui no terceiro mundo e muito menos em Nova York, Milão e Paris.
Putzgrila...como são esquisitas aquelas combinações...parecem figurinos de uma ala do bloco de rua, das mais chinfrins.Por esse amor, ele se transformou em um dos 4 cavaleiros do apocalipse, fácil, fácil...
Voltando da praia, dormi e acordei a tempo de assistir à páginas da vida e indaguei aonde o Manoel Carlos mora no Leblon. Deve ser num cortiço, onde partem todas as fofoqueiras do bairro a descobrir mais fofocas e problemas alheios que a revista Caras. Como o Leblon pode ter tantos problemas como os que ele coloca na novela...O Leblon dele é pior que Favela, tendo uma diferença de PIB, claro...o do Leblon é alto; as brigas e confusões são na maioria das vezes com classe, diferente dos barracos criados na favela que sempre terminam ou em pagode ou em tiroteio. Com essa imaginação, Manoel Carlos é o segundo cavaleiro do apocalipse.
A essa altura já estava desistindo de pensar, quando abunda à minha televisão à Viradouro, fiquei embasbacado, orgulhoso de morar num país que produz esse carnaval, que vende ao exterior essa imagem de beleza, perfeição, organização e criatividade. Logo fui folhear as páginas dos jornais para saber quem era o mago que, com certeza, inovou mais uma vez no carnaval, e eis que surge Paulo Barros, o Joãosinho Trinta do novo milênio, esse cara é demais...Eu já falei que adoro e admiro quem é bom, pois é, sou assim, e essa maluquinho arrebenta. É um professor para quem trabalha com arte e criatividade...ele é talento e dos melhores. Com toda a criatividade e ousadia na avenida, Paulo Barros é o terceiro cavaleiro do Apocalipse.
Estava no meu auge a essa altura, em êxtase total, quase um orgasmo múltiplo pêniano, quando ouço ao fundo, a voz daquele criaturinha que há 10 anos não se cansa de me chamar de tio, mesmo com todas as minhas negativas na tentativa de aproximação, lá vinha ela, Amanda Hellen, assim mesmo, com h e dois eles, que mau gosto; cantando, ou melhor, achando que sim, seu repertório de músicas americanas, algumas até boas, não na voz dela, mas boas, a acabar com o meu prazer sonoro e a esta altura visual também, não pude me esquecer dela no restante do carnaval, até por que ela não deixa, continuava com seu estilo negro-afro-crioulo-pretinho de ser, leia-se, se exibindo o tempo todo, coisa de leonino, só pode ser, mas eu a amo do mesmo jeito...Ufa!!! como foram difíceis essas palavras...
Consegui me libertar das amarras da áurea do carnaval, que mexem com seu interior, literalmente, e voltei a realidade, imaginei meu mundo com esses 4 cavaleiros a defendê-lo de um possível ataque alienígena. (Vai que o Will Smith e o Tommy Lee Jones, ou a organização MIB não conseguem detê-los).
Assim me senti protegido para o resto do ano, até da volta de Cabo Frio, que é um inferno.
Dunga, Manoel Carlos, Paulo Barros e Amanda Hellen...Salve Jorge e agora o Carlos também.
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